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HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL (Harry Potter and the Sorcerer’s Stone)

EUA e Reino Unido, 2001 – 152 min.

Direção: Chris Columbus

Roteiro: Steve Kloves, baseado no romance de J.K. Rowling

Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Richard Harris, Robbie Coltrane, Maggie Smith, Alan Rickman, Ian Hart

NOTA: Em 2001 estava no auge dos meus 17 anos, muito relapso com algumas coisas, pouco me importava com outras e se você me perguntasse na época se eu gostava de Harry Potter o máximo que eu diria era: “O filme é legal!”. Mas conforme o tempo passa, com isso entenda amadurecimento e vontade de conhecer, rever e reconhecer alguns conceitos. Uma amiga, (Patrícia o nome dela), insistia para que eu desse uma chance aos livros, uma chance da autora tentar me captar e adentrar num universo mágico e sinistro. Universo este que me conquistou em definitivo.

Durante tempos muito tem sido escrito sobre o porquê de Harry Potter ser tão popular com leitores de todas as idades. Embora essa análise seja decente, tudo o que você realmente tem que fazer é ler alguns capítulos do livro, e você vai entender o apelo. A autora J.K. Rowling desenvolveu um herói intensamente agradável e coloca suas aventuras no papel com um estilo livre e fácil que mistura grandes aventuras sombrias, com um drama leve e uma comédia discreta. Os livros conseguem andar na corda bamba literária de nunca tomar-se demasiado a sério, evitando a armadilha fácil da auto-paródia. Esse tom é o da adaptação que o diretor Chris Columbus (Esqueceram de Mim (Home Alone, 1990) se esforça para trazer ao filme e, na maioria das vezes, consegue.

Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Sorcerer’s Stone, 2001) é, inquestionavelmente, um membro do gênero fantasia. No entanto, a maioria dos romances de fantasia encontram um tom que fica entre o sombrio e o sinistro. Antecedentes mais aparentes de Harry Potter são O Hobbit de JRR Tolkien (o que é escrito em um estilo muito mais leve do que O Senhor dos Anéis), As Crônicas de Nárnia de CS Lewis, e As Crônicas de Prydain de Lloyd Alexander. Como Harry Potter, esses livros encontraram os seus suportes mais entusiastas na faixa que prende as idades entre 10 e 15, mas com características para desenvolver o caráter, enredo e conteúdos temáticos para atrair um público mais velho. No entanto, em grande parte devido à sua configuração contemporânea, a popularidade de Harry Potter ultrapassou em muito a dos seus antecessores. E chamar os romances de Harry Potter de “livros infantis” é subestimá-los. As únicas pessoas que aparentemente não gostam das histórias são os fundamentalistas religiosos, alguns dos quais fazem as mesmas acusações aos fãs de Harry Potter quando acusaram os jogadores de Dungeons & Dragons.

Após os romances de Harry Potter se tornarem sucesso internacional, era questão de tempo para estes serem adaptados para o cinema. Segundo fontes confidenciais (IMDB) indicavam que Steven Spielberg iria dirigir Harry Potter e a Pedra Filosofal, mas, por qualquer motivo, Spielberg desistiu, deixando a porta aberta para Chris Columbus, um cineasta que faz o simples e necessário para contar e trazer a história a vida. No início, Columbus e Harry não pareciam conversar a mesma língua, mas, com Harry Potter e a Pedra Filosofal, Columbus provou pelo menos uma coisa – ele pode não ser excelente, mas fez a história acessível tanto para aqueles que estão familiarizados (provavelmente a maioria que foi ver o filme, pelo menos em seu lançamento) e aqueles que não são.

Inglaterra, uma estrada pequena de Privet Drive, onde um menino de 11 anos chamado Harry Potter (Daniel Radcliffe) vive com sua tia, tio e primo. Harry viveu com a família da irmã de sua mãe desde pouco depois de seu nascimento, quando seus pais foram assassinados pelo terrível feiticeiro Voldemort. Voldemort tentou matar o bebê Harry também, mas falhou, deixando o menino sem danos mais sérios, com exceção de uma cicatriz na testa. Após esse incidente, Voldemort desapareceu, e nunca mais se ouviu falar dele. Agora, em seu aniversário, Harry recebe a visita do imponente Rúbeo Hagrid (Robbie Coltrane), que veio levar Harry para a Escola de Bruxaria e Magia de Hogwarts, onde ele vai estudar para cumprir sua verdadeira vocação como um mago. Depois de uma viagem com Hagrid para comprar suprimentos (incluindo uma varinha, uma coruja e um caldeirão), Harry chega a Hogwarts. Lá, ele conhece colegas que se tornarão seus amigos próximos, como Ron Weasley (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson) além de antagonistas, como o arrogante Draco Malfoy (Tom Felton). Na escola coordenada pelo diretor de Hogwarts, o venerável Mago Albus Dumbledore (Richard Harris), e sua equipe – Professora Minerva McGonagall (Maggie Smith), que ensina Transfiguração; Professor Quirrell (Ian Hart), cujo curso é de Defesa Contra as Artes das Trevas, Professor Flitwick (Warwick Davis), que ensina Encantamentos e o misterioso Professor Snape (Alan Rickman), mestre de Poções. Para Harry, no entanto, há mais para se fazer em Hogwarts alem de estudar, como suspeitar que um dos professores esta aliado a uma força escura à espreita na floresta.

Harry Potter e a Pedra Filosofal é uma adaptação rigorosamente fiel ao romance. Com a exceção de detalhes pontuais, cenas curtas, e um poltergeist, tudo no livro está no filme. E pelo menos 75% do diálogo é levantado diretamente a partir do texto de Steve Kloves. Para os fãs de Harry Potter ver como a sua cena favorita aparece na tela, soa como uma benção. Mas há algo sobre a abordagem de Colombus para o projeto que mostra a sua fragilidade e receio como diretor. Filmes e livros são mídias diferentes, e a melhor abordagem para se adaptar o último para o primeiro nem sempre é uma simples tradução sem retoques. Columbus não é ousado, sua imaginação se limita muito para aquilo que JK Rowling havia previamente fornecido em seu livro. Não há como negar que o filme é divertido, mas não é inspirado. Um dos aspectos mais deliciosos de ler os livros está em absorver os comentários contido nos textos de Rowling, e a abordagem direta Colombus e Kloves não conseguiu encontrar uma forma criativa de incorpora-los.

Do ponto de vista visual, o filme tem seus momentos, mas está longe de ser esmagador e inovador, pelo contrário. Hogwarts é impressionante, alguns personagens animados digitalmente como troll e duendes são convincentes e as magias são muito bem representadas, mas as seqüências de vôo e o jogo de Quadribol são decepcionantes, sem muito esforço nota-se que há defeitos, e agora com o advento da alta definição nos filmes, estes defeitos ficaram ainda mais expostos. Alguém poderia pensar que nesta era em que os efeitos especiais demonstram melhores capturas e desenvolvimento de personagens animados, o cineasta poderia ter mascarando um pouco melhor o trabalho na tela azul.

O trio – Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson – era na época  desconhecido do grande público. A decisão de lançar rostos desconhecidos é acertada, já que nenhum dos atores traz nenhuma bagagem com eles. O que lhes falta em polidez, eles compensam em seriedade. Por outro lado, a maioria dos personagens adultos são interpretados por artistas reconhecidos – Richard Harris como Dumbledore, Alan Rickman como Snape, Maggie Smith como Minerva McGonagall, e Robbie Coltrane como Hagrid. Existem também vários grandes nomes em papéis pequenos – John Cleese como um fantasma quase-sem-cabeça, John Hurt como vendedor de varinha, e Julie Walters como a mãe de Rony.

Obviamente, me tornei fã de Harry Potter. A magia encarnada nos livros penetrou na minha cabeça, de forma quase semelhante ao universo criado por J.R.R. Tolkien, este mundo entre bruxos e trouxas, excitou me o suficiente para me fazer ler TODOS os livros em um único mês. Columbus peca em respeitar demais as passagens do livro e esquece do mais importante ao contar uma fábula, encarnar a magia e o imaginário contido nele.

HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL